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Pelos Olhos do Escritor
Escrever para mim é como respirar, eu preciso escrever para continuar vivo.
Textos

Você é capaz de me entender?

 

          Cambaleei. Tropecei no silêncio que tomou conta de minha alma. Tentei me segurar para não cair no abismo da minha solidão, mas não encontrei nada firme em que eu pudesse segurar. E fui caindo aos poucos contra minha própria vontade. Eu sabia que aquele vazio iria me destruir. Porém, eu não conseguia sair de lá e por mais que eu tentasse, só conseguia ver em meu rosto um fio de lágrimas escorrer e pingar no chão tórrido.

          Eu não sabia como tinha ido parar na imensidão da falta de significado. Eu estava triste. E o que mais doía era não saber, não conseguir identificar o motivo da minha tristeza. Eu só estava triste e nada mais. Não saber a causa do meu vazio, da minha tristeza foi desesperador, pois não sabendo porque estava daquele jeito, eu não tinha o que combater. Só vazio, uma angústia apertava meu peito. Por quê? Eu não sabia.

          Tranquei-me dentro de mim, a fim de encontrar o que tanto me causava dor, tristeza, angústia. Não encontrei respostas, só me deparei com o vazio da insignificância. E conclui, eu era insignificante. Me agarrei então a essa ideia. A minha insignificância passou a ser o motivo da minha tristeza, da minha angústia, de todos os males que me assolavam. Sair daquela situação não dependia mais de mim, mas do significado que as pessoas poderiam me dar.

          Então, agarrei-me na atenção que as pessoas me davam, por menor que fosse, aquela atenção era para mim como um bote salva-vidas. No entanto, nenhum desses botes conseguiu navegar na minha dor e me resgatar lá do fundo da minha alma, onde eu estava escondido e assustado com as tormentas que me invadiam o ser e me lançava ao vazio. E o tempo passou tão vagarosamente para mim, que já não era mais triste ter que viver, era insuportável.

          Eu já não mais existia quando decidi mergulhar nas águas turvas do desconhecido. Em mim, apenas a dor e a insignificância permaneciam. Não tinha volta, não suportava mais tentar coexistir com o vazio que havia tomado conta de mim. E assim como eu, as coisas também deixaram de ter significado. As pessoas não eram nada além de torturadores com seus sorrisos e felicidade sempre na vitrine de seus rostos. Eu não aguentava e por isso pulei e deixei apenas o nada tomar conta de mim, fundi-me ao nada. E na corda, ficou pendurada a casca que me aprisionava.

 

Nilson Rutizat
Enviado por Nilson Rutizat em 14/11/2021
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